Quando chegaram para trabalhar na manhã desta segunda-feira, os 236 empregados de dois postos de combustíveis e dois supermercados em Carazinho, e um supermercado em Palmeira das Missões, encontraram as portas fechadas. A Justiça de Carazinho, no norte do Estado, decretou a falência da rede Boa Vista e esta manhã as empresas foram lacradas. A medida foi tomada depois que a Justiça comprovou que os administradores deliberadamente provocaram uma situação financeira instável, em prejuízo dos credores. O processo de recuperação judicial, que substituiu a antiga lei de falências, tem como objetivo reverter uma situação econômica delicada de uma empresa, mantendo os empregos e ao mesmo tempo conseguindo pagar os credores. A própria empresa ingressa com a ação e apresenta um plano de pagamento dos credores, que passa pela avaliação judicial. Foi o que a rede Boa Vista fez, em maio de 2010. No entanto, conforme a juíza Marlene Marlei de Souza, os administradores da rede Boa Vista teriam se utilizado do recurso judicial para benefício próprio. Uma investigação, feita pela Delegacia de Polícia a pedido do Ministério Público, mostrou que pouco antes de ingressar com o processo de recuperação judicial a rede fez compras desproporcionais de valores expressivos, assumindo um compromisso com os credores que não pretendia cumprir. Nos autos do processo, a empresa aponta dívida de R$ 20 milhões, mas apresentou um plano de pagamento dos credores mostrando que pretendia pagar apenas um terço do valor. O plano de pagamento não foi homologado pela juíza que, entendendo que havia fraude, optou por decretar a falência da rede. O processo foi criteriosamente analisado, a justiça tentou de todas as formas manter o funcionamento do negócio e os empregos, mas diante da comprovação das irregularidades isto não foi possível, já que os credores também têm famílias e empregados que dependem deles salientou. Com a falência da rede, a Justiça também decretou a indisponibilidade dos bens, incluindo o estoque. O procurador de justiça aposentado Nelson Patines foi mantido na condição de administrador judicial para gerir o patrimônio, arrecadando os bens das empresas que serão revertidos para o pagamento dos credores. Segundo a juíza, os créditos trabalhistas terão prioridade. O caso ainda deve gerar um processo criminal, pois já possui inquérito policial. Sócio da rede nega fraude Um dos sócios da rede Boa Vista, Verno Leonhardt, negou que a empresa tenha cometido fraude e disse que o grupo vai recorrer da decisão. Para nós foi uma surpresa, estamos chocados. A empresa não praticou nenhum ato fraudulento. Houve várias presunções, mas nada foi provado. Nos submetemos a afastar toda a diretoria, mas pedimos que se mantenha o negócio. Segundo ele, durante o período da recuperação judicial a empresa conseguiu passar o faturamento de R$ 2,8 milhões para R$ 4,5 milhões. Ele disse ainda que 82% dos credores concordaram com a proposta de pagamento e apenas aguardavam a homologação da Justiça para começar a receber. Fechar a empresa não traz benefício para ninguém, temos 236 empregos diretos, com carteira assinada. Temos no estoque alimentos perecíveis, sujeitos a vencimento. O que vale aqui não são os imóveis e prateleiras, mas o ponto, o negócio em si. Se fecharem vai haver perda pra todos concluiu Leonhardt. ZERO HORA
Postado por WM Internet
as 13:17
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