Não há quadro, giz ou chamada. Só dois comandos: play e pause. Fenômeno em vários países, as videoaulas rompem fronteiras, encurtam distâncias e facilitam o aprendizado. Também criam celebridades. Uma delas mora em Carazinho, município de 60 mil habitantes no norte do Estado. A informática que ensina metodicamente na web fez Neri Neitzke ganhar o mundo. Em seis anos, o currículo impressiona: 4,3 mil videoaulas e 7,9 milhões de acessos.

 

Para ajudar os alunos que faltavam às aulas, Neitzke começou a gravar e distribuir vídeos aos estudantes em DVDs. Como o alcance era limitado e a mão de obra imensa, ele decidiu postar vídeos no YouTube em 2006. Gravadas na própria casa do professor, as lições divididas em gravações de até nove minutos despertaram a curiosidade dos jovens. Veio a fama, que transformou a vida do educador.

 

As videoaulas de Neitzke, que coordena o curso de Sistemas de Informação da Ulbra Carazinho, têm linguagem simples e não são editadas. Em algumas, a própria família interrompe o professor e cria cenas divertidas. Mas Neitzke explica que o entretenimento é ocasional. Ressalta que a preparação prévia é intensa e leva até um mês, muitas vezes, para traduzir o conteúdo de forma didática. Se há dúvidas, o educador responde por e-mail.

 

— Nas palestras, me surpreendi ao ser tratado por alunos de regiões diferentes como se fosse um professor do convívio de sala de aula. É fantástico — afirma.

 

Só no ano passado, ele viajou mais de 40 mil quilômetros. A procura é tanta que ele já não vence atender aos cerca de 20 convites para palestras que recebe por mês. No fim de maio, Neitzke fez sua primeira conferência internacional: viajou a Portugal para três eventos.

 

Hoje, 75% das videoaulas estão disponíveis de graça no Youtube e incluem temas como programação em Java e Delphi e conteúdos para iniciantes em informática, como passo a passo para criação de sites, jogos e até sistemas para ensino à distância.